quarta-feira, novembro 28, 2007

Um jornalismo melhor

Por um jornalismo melhor

Por Priscila Silva

A Universidade Tiradentes (UNIT) apresentou no dia 23, no Bloco D do Campus da Farolândia o tema “Razões e Complexidades do Discurso Jornalístico” para uma mesa-redonda, esta que foi ministrada pelo doutor em Ciências da Comunicação e professor de Jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da USP Manuel Carlos Chaparro. A mesa-redonda também teve as presenças dos professores Ronaldo Linhares (UNIT) e Carlos Franciscato (UFS). O evento teve a participação de estudantes de comunicação social e professores da área.
No passado, ser jornalista, ter a função de divulgar fatos e representar a sociedade em suas inúmeras situações não era algo fácil, ainda mais num período ditatorial “Me angustiava a falta de informação devido à ditadura. Tudo era proibido, qualquer relação de troca de informações”, disse Carlos Chaparro ao lembrar das dificuldades em exercer a profissão, que começou em 1957 e confessou “Meu desejo naquela época era ver a classe operária mais organizada e que assim pudesse ter acesso à liberdade de expressão”.
Chaparro explicou que o jornalismo não é gerado nas redações, ele depende de quem gera o conteúdo e quem gera tudo isso é a fonte, ressaltou a importância do jornalista como “socializador de conteúdos” e definiu a fonte como protagonista do presente “O Jornalista é um socializador de conteúdos. Por isso, tem de ter uma relação competente com as áreas onde esses conteúdos são gerados. Nas redações não brotam nem informações nem conhecimento; brotam do mundo. E o que nós fazemos? Escrevemos artigos, entrevistas, reportagens, textos para que os conteúdos de interesse público sejam socializados. Mas socializados em função de quem irá recebê-los, não na perspectiva de quem os gerou.
“É de extrema importância para o jornalista ter fontes que falem, pensem, opinem e tenham um discurso próprio, por isso, há uma dependência total do jornalista com suas fontes é a linguagem que depende dos outros”, afirmou. Em relação ao discurso do jornalismo, Chaparro classificou-o como sem autonomia. O papel do jornalismo é ter uma linguagem de captar discursos e entende-los, o jornalista precisa que de aptidão para aflorar os conflitos e ao mesmo tempo encontrar soluções para tais.
Atualmente os jornalistas andam seduzidos pela variedade de acontecimentos que as fontes produzem e isso acabou mudando o “fazer” jornalismo, este que a partir de tais mudanças transformou-se em “preguiçoso”. Chaparro chamou a atenção “Ao invés de olhar erupções, mergulhe para ver o interior, a intimidade. É o mesmo que na sociedade, ver as dores, as lutas humanas, as cenas do cotidiano e dessa forma evita a exclusão discursiva. Há muito que o se desvendar na realidade.”
O professor que está confiante no quadro atual da profissão quando compara com o jornalismo da época dos anos 60, “Em 1968 quando trabalhava em Natal, existiam nas redações muitos saudosistas que classificavam o jornalismo da época como o melhor. Hoje vejo uma grande diferença entre o anterior e o atual, na verdade o anterior era pobre, esse jornalismo era feito por jornalistas que aceitavam matérias pagas, “mamavam” no governo e o bom foi que tudo isso mudou, se hoje isso ocorre, é um escândalo. O jornalista tem a obrigação de se comprometer com o mundo ético.”
Totalmente inserido na era cibernética, Chaparro também possui um blog chamado de “O xis da questão” (http://www.oxisdaquestao.com.br) onde reúne matérias, temas para discussão e muitos outros textos interativos. A respeito da internet, Chaparro afirma que pode haver uma relação harmônica das novas mídias com o jornalismo, porque se destacam pela sua dinamicidade. Favorecendo também o surgimento de um novo jornalismo, mais popular, pelo fato de qualquer pessoa poder noticiar um fato e colocar em blogs em forma de textos ou simplesmente em fotos.
Além de produzir as notícias, o jornalista tem por obrigação acreditar no que se está divulgando e garantir o que está sendo divulgado. Antes de se divulgar qualquer fato é preciso assegurar-se da veracidade dele. O jornalismo é um discurso que “mata a cobra e mostra o pau” como Chaparro brincou na forma de dizer.
Chaparro finalizou a mesa-redonda dizendo se sentir seduzido pela profissão devido aos conflitos, este que é a base do jornalismo. Onde o profissional deve saber captá-lo e divulgá-lo de maneira correta baseando-se nas expressões jornalísticas, na lógica de dizer os principais e secundários conflitos. Perceber a vida, os sonhos, os conflitos de valores e os direitos que todos devem ter.

1 comentário:

Anónimo disse...

Oi Priscila, fazia tempo, não?

Acho muito bacana esses encontros, valem mais do que muita aula que a gente tem. E o blog do Chaparro, muito interessante, ele ainda responde os comentários.