segunda-feira, dezembro 24, 2007

Pensando bem...



Pensando bem,
Acho que cansei de você,
Desse seu jeito de não ser.

Cansei de ouvir
O que você nunca quis dizer
Cansei de falar
O que você nunca quis escutar.

Pensando bem,
Desisto de te ver
Desfaço os meus caminhos
Que um dia,
Eu fiz em torno de você.


(Priscila Silva)

Quem sou eu?



Ainda, não sei definir...
Procuro respostas em mim,
Para tentar fugir.

Quem sou eu?
É uma pergunta vazia,
Quem disse que responder
Alivia?

Descobrir-se é muito difícil
Há tantos espelhos
Com rostos perdidos.

(Priscila Silva)

sábado, dezembro 22, 2007

O Encontro

Imagem de Oxum nas margens do rio Ọxum que se encontra na cidade de Oṣogbo, Nigéria


Foi na beira do rio que eu a vi, descendo pelas pedras e logo em seguida mergulhando nas águas escuras do rio. Sua roupa era amarela e esvoaçante, o vento determinava o movimento do seu vestido e dos seus longos cabelos pretos. Sua beleza era encantadora. Na água brincava feito uma criança e na mão trazia um espelho, para quando parar de brincar, voltar a ser mulher, com sua vaidade, penteava seus cabelos e sorria olhando-se.
Seus cabelos eram tão brilhantes quanto o próprio reflexo do sol na água. Ela rodava na água, as ondas batiam e alegria tomava conta do seu ser, ela estava em casa, com certeza.
Não resisti à tamanha curiosidade e encantamento, decidi entrar na água para poder vê-la de perto. Ela estava de costas, olhando-se no espelho, mas através dele, pude notar que ela me viu e logo em seguida virou-se e naquele momento um grande silêncio surgiu, o tempo parou. As ondas acalmaram, o vento parou e o riso silenciou... Ela não só olhou para os meus olhos como também para dentro de mim e de forma tão fugaz quanto chegou ela saiu e apenas restou uma flor no rio. Até hoje espero ela voltar, que saudade daquela menina!

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Coincidência ou não?



Numa noite dessas que não tem o que fazer, ela mais uma vez acessou à internet, convicta de que iria encontrar recadinhos, desses que vêm bichinhos saltitantes, mas, por incrível que pareça, ela ficou surpresa ao ver que não tinha só isso. Tinha um pedido de amizade e que a deixou intrigada, não soube dizer se foram as palavras bem colocadas que a confortavam como um tecido de veludo ou se foi a foto dele que trazia calma só em ver. De certa forma, ele mudou a noite dela, que tinha tudo pra ser “mais” uma noite virtual recheada de pérolas e superficialidades virtuais.
Nunca havia pensado que a internet pudesse reservar pessoas reais e puras de verdade, que eram tão intensas que mesmo estando em campos virtuais possuía cor própria, brilho próprio que tinha o poder de transcender a tela do monitor. O que conseguiu mantê-la ligada ao novo amigo foram os “laços” da coincidência que eles fortaleceram, sem querer. Parecia que tudo que ambos pensavam ou “falavam” (mesmo digitando a comunicação fluía como uma conversa real) era algo combinado, porque muitas vezes era a mesma coisa. Possuíam uma grande afinidade, porém, algo não coincidia. Moravam em cidades diferentes, mas isso não impediu que as coincidências os perseguissem. Ele dizia ter uma sensação súbita de poder senti-la tão perto que parecia toca-la.
O tempo foi passando e a conexão virtual proporcionou inúmeros momentos de coincidência, tudo era motivo para tal. Já achavam normal e procuravam sempre um motivo de “juntar as peças” e chegar num ponto em comum.
Mas num dia desses que não tem o que fazer, ele resolveu ir até a cidade dela, sem avisar, queria fazer uma surpresa pra ela. Chegando ao aeroporto ele não acreditou no que viu, era ela de malas prontas, dizendo:- Que coincidência! Estava indo te visitar! Não quis avisar...Queria fazer uma surpresa pra você.
E naquele momento nada mais nada foi dito.

(Priscila Silva)

domingo, dezembro 09, 2007

Qual Carta?



-Cara, preciso terminar de escrever aquela carta, mas estou sem coragem. Dá pra acreditar?
-Qual carta?
-Aquela que eu te disse ontem.
-Não me diga que você está se referindo à carta para o Papai Noel.
-Sim Mário, aquela mesmo. Estou com tanta vontade de escrever, sei lá, voltar a ser criança, ter um pouco de esperança.
-É Afonso...Acho difícil você conseguir isso.
-Ah, porque? Já sei, vai me dizer que já estou "grandinho" pra isso, é?
-Não, a questão não é essa. Você quer voltar a ser criança, num tempo que elas estão aprendendo forçadamente a serem adultas.