quinta-feira, maio 24, 2007

Quem disse que a Bahia é só felicidade?


Ó Paí, ó...
Filme Ó Paí, ó mostra um olhar crítico

Por: Priscila Silva

Para quem ainda não assistiu o filme, deduzindo que conhecia tudo sobre a Bahia e o seu produto de exportação, o carnaval, está muito enganado. Muitos comentários do tipo: “não recomendo á ninguém assistir este filme” “morri de rir, muito bom!” E até “sem graça, pensei que fosse melhor”. Resumindo, vários comentários sendo eles ruins e bons. Mas, o filme surpreende a quem assiste. Rico em música baiana, gírias, culinária, brincadeira, rivalidade entre religiões e muita confusão a diretora Monique Gardenberg decidiu trazer a peça “Ó pai, ó” realizada pelo Bando de Teatro Olodum no Teatro Vila Velha que fica em Salvador, para o cinema. A história se passa num cortiço situado no Pelourinho, onde habita várias “figuras” dentre elas: mãe de santo, evangélica, travesti e por aí vai...Depois da revitalização do Pelourinho, os moradores sofrem com as transformações e conseqüentemente com a “invasão” de turistas, que por um lado beneficia (lucro e comércio) e por outro lado exclui-os (exploração de diversas formas). Tudo isso é mostrado na semana de carnaval, com cenas engraçadas e marcantes mostra a triste realidade, que muitos (não somente os baianos) não vêem. É necessário dizer: Ó PAÍ, Ó para o que está acontecendo? Será que as pessoas não conseguem ver que cada dia que passa a desigualdade social aumenta? Que muitos morrem por não ter dinheiro? Que muitos morrem pelo fato de ser diferente em relação a sua raça? O filme Ó Pai ó é uma denúncia a triste realidade do Pelourinho que sofre pelo fato da força “embranquecedora” agir no local.
O filme que para muitos seria uma comédia, mostrando a tão famosa alegria do baiano, aquela alegria que é exportada (devido ao carnaval) chocaram-se ao ver que existe outro lado...Não só de alegrias vive Salvador. Na avenida onde muitos desfilam com seus abadás caríssimos, onde os camarotes cada dia que passa tomam mais espaço da avenida deixando a massa de gente, a tão conhecida como “pipoca” mais espremida do que bagaço de caldo de cana, também abriga miseráveis, prostitutas e crianças abandonadas. Onde o turismo esperado por muitos, destrói e conturba a vida dos moradores. Como é o caso do personagem Seu Jerônimo interpretado pelo ator Stênio Garcia, que é um comerciante de uma loja de objetos antigos no Pelourinho, que tenta de qualquer forma afastar os meninos de rua para melhorar a visita dos turistas á sua loja. O elenco é bem formado dou destaque para dois atores: Lázaro Ramos, que interpretou o personagem “Roque”, um homem que tem o sonho em ser cantor e que se vira como pode para driblar a falta de dinheiro e a personagem “Dona Joana” interpretada pela atriz Luciana Souza que é evangélica fervorosa, que se diz dona do cortiço, vive fuçando a vida alheia e que é mãe de Cosme e Damião.
Quem gosta de boa música não irá reclamar do filme, a trilha sonora cantada por vários artistas baianos como Jauperi, Tatau, Fechine e entre outros se encaixa perfeitamente com cada cena...Uma das músicas cantada por Jauperi “Canto do mundo”, cuja composição é de Caetano Veloso expressa a triste realidade do Pelô: “Presse canto do mundo/De onde é que ele virá /Do meu sonho profundo/Ou do fundo do mar/ Com que voz cantará/Com que luz brilhará/Há de vir seja como for/Presse canto do mundo/De onde virá o amor? /Nessa vida vazia /Por que tarda meu bem? /Uma imensa alegria /Que se guarda pra quem? Seja um anjo do céu /Seja um monstro do mar/Venha num disco voador/Mas que saiba que é meu/No segundo que olhar/Pelo encanto maior/Presse canto do mundo/Quando virá o amor? /O meu amor... /O meu amor...”.Um filme pra reflexão, tanto serve para os donos de camarote tanto para os catadores de latinha.

14 comentários:

O Projeto disse...

Não sei se eu já falei, mas procura ver O Cheiro do Ralo.
Eu tava querendo ver esse filme, mas já saiu de cartaz por aqui...
Agora tá saindo um monte de filme nacional, bons, tô curioso.
Bem, agora você já conhece o Cinema em Pauta, essa semana teremos áudio no blog, aguarde.

Anónimo disse...

Oi Pris..
Primeiramente ótima iniciativa e excelente txt..faz semanas q digo q vou escrever algo sobre o filme rs. Vou fazer um comentário quase geral..
elenco:maravilhoso realmente
Trilha sonora:amei
audiovisual:pelo dinheiro q foi investido poderiam ter sido bem melhores..som aumenta do nda, silência uma hora e barulho na mesma cena, etc, etc..
Gostei da resposta de lazaro ramos sobre o racismo, muito bom!!Os versos de fernando pessoa..
ótimo comentário sobre a policia, tava na hr..
Por outro lado sexo, mulher e carnaval..opps..desvalorizando o baiano de novo, será q é só disso mesmo q o pelourinho é feito?acho q ñ..há muitas histórias interessantes para contar q vão muito além destes estereotipos.
Mas claro q houveram cenas muito boas como as quais já citei..e o contraste no final, mostrou os diversos lados,desigualdades..
é isso..
saudades tiradentes

Anónimo disse...

Um filme que quebra estereótipos ao abordar o lado nada feliz dos que vivem à sombra de um sorriso no carnaval e na Bahia, que nesse filme figura como um microcosmo das mazelas sociais existentes no país. Parabéns, Priscila!

Unknown disse...

Prii..
Muuito bom o texto!!
Assisti o filmee e tivi minhas criticas tb!
A Bahia nao eh so alegria, mas tambem nao eh so akilo! =/

Critica muuito boa a sua!
:D
Um beeijo!

Anónimo disse...

Gostei do filme, acho que poderia ter melhorado em algumas coisas, mas dentre erros e acertos, me surpreendeu e me fez rir. A interpretação do Lázaro Ramos foi excelente.
Saudades de vc!!
bjkss

Netinho Jornalismo disse...

parabens, Expressou muito bem a imagem passada no filme. tudo aquilo mostrado na telona é lido em seu texto!

Muito bom, pode ter certeza que seu blog ganhou um visitante assiduo.

Arllen Alves disse...

Pri, esse filme, ao meu ver, é excelente. Incrível que, por diversas vezes, me peguei dizendo "Po, é assim mesmo que acontece". Eles conseguiram reunir as coisas que estamos acostumados a ver e a viver, com as que nem mesmo nós baianos tinhamos conhecimento. No seu texto você comenta isso. Momentos engraçados existem muitos nesse filme. A gíria, a forma como as pessoas se comunicam, as situações constrangedoras que alguns passam, enfim...é a realidade da nossa Bahia. =) Ah, parabéns mais uma vez. Mais um texto muito bom. Fica com Deus.

Mila Botto disse...

Bela análise, já foi discutido diversas vezes em sala por sinal. Gostei muito do filme também (embora em algumas horas soou caricato demais). De resto, é a Bahia que nem todos conhecem e creio eu que ninguém queria fazer parte! Beijos!
(olhe meu blog, texto sobre cinema tb)

Unknown disse...

Pri...
Adorei o seu texto viu?
Vc é mto talentosa!
Desejo mto sucesso na sua vida.
Vc mereçe!

Adoro vc!

Anónimo disse...

A Bahia realmente não é só felicidade. é uma grande perca.

Anónimo disse...

Realmente a Bahia que conhecemos não é a que vimos na televisão, markete, propagandas, nos outros países, em outros estados e até mesmo na nossa própria capital do estado da Bahia. O carnaval é um exemplo de como as diferenças sociais e raciais afloram-se em todo vapor, porém é mascarado pelo nosso governo em não mostrar a realidade e aumento de tudo que gastamos para viver. E, outro fator importante, o carnaval tornou-se um clube privativo em que o próprio povo baiano é excluído de sua festa e infelizmente ainda não acordou para o fato.
Toda cidade tem problemas em toda sua estrutura, porém este governo deve melhorar a situação das pessoas que vivem e não agravar mais ainda os problemas. A situação das barracas de praia em toda a costa de Salvador é outro exemplo, porque a prefeitura não agiu junto aos barraqueiros para a construção de uma orla melhor e bonita com aval das organizações de proteção ambiental, pois toda a população está sofrendo tanto os barraqueiros como os consumidores de cada barraca.
Como diz um amigo meu, é o progresso da humanidade agindo em nossas vidas.
Beijocas

Unknown disse...

oi Priscila

gostei muito da sua atutude..
assisti o filme e tbm tive na grande parte criticas negativas a esse filme...

valeu!!!

Unknown disse...

oi Priscila

gostei muito da sua atutude..
assisti o filme e tbm tive na grande parte criticas negativas a esse filme...

valeu!!!

Anónimo disse...

oi!!!
o filme achei legau, creio eu que a moral do filme mostra que todos devem respeitar a religião de todos, pois no final aquela senhora evangélica protestante soube noticía de seus filhos atravéz dos búsios, então correu a procura deles e todas as pessoas de outras religiões a acolheram com muito carinho e solidariedade
é isso aí, achei lindo.