quinta-feira, maio 03, 2007

Estudante sofre represálias ao exigir direitos



Estudante sofre represálias ao exigir seus direitos

O estudante de administração, Marcell Carvalho de Moraes, 28, vem liderando diversos movimentos estudantis em Salvador. Ele que tem a função de presidente do diretório acadêmico da FACET (Faculdade de Artes, Ciências e Tecnologia) fez uma manifestação contra o aumento abusivo das mensalidades. Tendo como resultado: perseguição em agosto de 2006, suspensão por 15 dias das atividades acadêmicas e processo por questionar os direitos dos estudantes. Hoje, Marcell com sua determinação poderia ocupar uma cadeira na câmara dos deputados e questionar os direitos dos Soteropolitanos.

Priscila Silva

Priscila Silva-Quando começou a manifestar o espírito revolucionário?
Marcell Moraes -Aconteceu por acaso, a partir do momento em que eu vi tantas injustiças, comecei a me manifestar. Em agosto de 2005 ganhamos as eleições para o Diretório Acadêmico de Administração da FACET, assim que assumimos percebemos de imediato que os D.As anteriores eram muito mais ligados em defender os interesses da direção, do que os interesses dos estudantes. Adotamos de imediato uma nova postura, deixamos claro para todos da FACET, que não aceitávamos e não queríamos desconto ou bolsa alguma, que era de costume para os membros e presidentes dos D.As anteriores a nossa gestão. Começamos a luta e percebemos que os direitos dos estudantes estavam sendo esquecido e lesado pelos "poderosos" da FACET, comecei junto com os membros do D.A de ADM questionar e cobra da direção uma melhor estrutura, um melhor ensino, um estacionamento para os alunos, redução da mensalidade, segurança, entre outras. Acabamos conseguindo algumas, inclusive a redução da mensalidade.

P.S-Como aconteceu essa perseguição e porquê?
M.M-A partir desses nossos questionamentos, e com as conquistas, começamos a ter confiança dos estudantes, e despertou para Coordenação um problema grave, pois antes todos "comiam quietos" agora estão cobrando seus direitos. Os "poderosos" após uma outra manifestação interna me deram uma suspensão das atividades acadêmicas e a proibição de entrar da faculdade por 15 dias e ainda fui retirado por 02 seguranças, tenho o vídeo desses episodio gravado por um celular de um amigo e com certeza ficou registrado na minha memória e não vou esquecer nunca mais! Logo após esses fatos os estudantes da FACET, junto com outros representantes de entidades estudantis, fizeram uma enorme manifestação na porta da faculdade, com faixas, apitos, questionando a suspensão arbitrária e perseguidora que levei, a imprensa noticiou o acontecido durante mais de uma semana. Os "poderosos" não satisfeitos com a repercussão e tentando calar mais uma vez a minha voz, entrou com um processo de expulsão da faculdade e ainda a coordenadora do curso Ceres Guedes entrou com um processo na justiça comum contra a minha pessoa. Em audiência interna e registrada em ata a coordenadora afirma que entrou na justiça com o apoio e influencia da direção. Ambos os processos respondem até hoje. Mas como disse o revolucionário Ernesto Che Guevara “Os poderosos podem matar, uma, duas ou até três rosas, mas nunca deterão a primavera”.

P.S -Você tem receio em ser perseguido novamente?
M.M - Já ouvi vários comentários a respeito disso, pessoas, amigos me alertando, mas para ser sincero não tenho medo algum, mesmo sabendo que isso pode acontecer sim, assistimos todos os dias casos em jornais sobre esses absurdos. Mas acredito muito no meu Deus, minha razão de tudo e nada acontece por acaso, tudo estar escrito e se esse absurdo estiver escrito que eu espero que não (risos) é melhor ser um derrotado lutando, do que ser um vitorioso sem lutar.

P.S- Além de pertencer ao movimento estudantil e Presidente do Diretório Acadêmico da FACET está envolvido em mais atividades? Quais?
M.M- Sou diretor da união dos estudantes da Bahia (UEB) e recentemente fui nomeado pelo governo Wagner, coordenador Geral de Eventos sócio culturais do Parque Metropolitano de Pituaçu.

P.S- O que acha da política adotada no estado da Bahia?
M.M- Bem, acredito que estamos no caminho certo, Wagner montou uma equipe altamente competente, que com toda certeza vamos ser modelo para outros estados.

P.S- Está contente com o atual quadro político do Brasil?
M.M-Sim, a sociedade está se interessando e participando mais com a política e driblando políticos oportunistas que se quer defendem algum tipo de "bandeira”. Aqui na Bahia praticamente limpamos muitos desses oportunistas, mas ainda faltam alguns que com toda certeza não devem passar das próximas eleições para serem extintos! Acredito que só existe uma forma de mudar o Brasil, que é através da política, é preciso que as pessoas "boas" se interessem mais e acabe de vez com o preconceito contra políticos, pois se continuarmos achando que todos são iguais então é melhor lagar tudo e virar hippie.

P.S- Qual a maior dificuldade em liderar grupos estudantis?
M.M-A falta de interesses de muitos, os estudantes hoje estão muito acomodados e esquecendo que tudo que conseguimos até hoje no nosso país foi através dos estudantes, da ditadura militar ao fora Collor e até mesmo aqui em Salvador com a liberação de usar o “Smart Card” aos finais de semana!

2 comentários:

Mila Botto disse...

Muito interessante a entrevista!

Beijo

Anónimo disse...

Eu sou a favor a qualquer tipo de manifestação desde que não perca a razão pela qual os manifestantes estão lutando para ter os seus direitos.
Beijocas