quinta-feira, março 01, 2007

Violência contra a mulher.




A mudança da postura feminina é necessária para combater a violência e a submissão. As mulheres têm que reverter o quadro de vulneráveis e dependentes dos seus parceiros, relata a especialista em Saúde Pública, Virginia Falcão de Seixas. As professoras da Universidade Católica de Salvador (UCSAL), Isabel Maria Oliveira, pesquisadora de Direitos humanos e Direitos à saúde e família, e Virginia Falcão de Seixas, especializada em Saúde Pública. Com o tema: “Violência à mulher: uma questão de gênero?”, falaram sobre as conseqüências e leis para o combate. “A principal lei, não é para ser escrita e sim vivenciada”, afirma a professora Isabel Maria. Também é um problema no setor da saúde: “O setor de saúde viu sempre a violência como algo da polícia e justiça. Não conseguiram fazer essa ponte saúde/violência”, afirma a professora Virginia Falcão.
Priscila Silva
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P.S - A Sociedade é machista. Como as mulheres podem mudar isto?
V.F: Uma das ferramentas para as mulheres mudarem, é começar pela mudança interna. Discordar dessa idéia da sociedade ser androcêntrica (poder masculino) e lutar para que a sociedade seja igualitária, a segunda coisa é a questão da educação, como nós vamos transformar essa sociedade, tudo isso começa pela família. Um exemplo bem claro, é quando a mãe lava as peças íntimas do filho e manda a filha lavar a dela.

P.S - Porque a mulher possui uma imagem de vulnerável?
V.F: Isso é algo cultural, na verdade, isso é um cenário mundial. O movimento feminista inaugurou-se na Inglaterra, França e outros paises europeus então vamos ter que pensar numa dimensão maior do que a do Brasil, o combate a violência tem que haver uma construção histórica.

P.S - A violência também é uma questão de saúde?
V.F: O setor de saúde viu sempre a violência como algo da polícia e justiça. Não conseguiram fazer essa ponte saúde/violência. Atualmente, a violência entra na saúde como um problema ortopédico, queimadura e entre outras lesões que com certeza podem ter sido resultantes de uma agressão. É necessário perguntar, investigar e encarar que a violência acaba indo para o setor de saúde. A saúde é o único setor que penetra no intimo da pessoa conseqüentemente é a única que pode solucionar isso.

P.C - Além da Lei Maria da Penha, é necessário a criação de outras leis para a proteção da mulher?
I.M: A principal lei, não é para ser escrita e sim vivenciada. A mulher tem que se reconhecer como pessoa com direitos e subjetivos a vida. Isso não precisa estar na lei, embora já esteve, desde a declaração do homem no ano de 1948 até hoje com a Lei Maria da Penha (que combate a violência doméstica a mulher). Eu acho que neste momento já temos um aparato normativo legislativo avançado, com esse conjunto legislativo as mulheres vão gradativamente assumir o papel, não é mais o exercício de legislar e sim de implantar.

P.C - A mulher torna-se muitas vezes submissa ao seu parceiro, pelo fato de depender financeiramente dele. O que seria necessário para a mulher ser independente?
I.M: Eu entendo que a mulher não é submissa ao parceiro intimo porque ele é o pai dos seus filhos, a submissão da mulher quando ocorre ela advém de algo muito anterior a parceria e a necessidade de sobrevivência. Essa submissão percorre entendo eu, de uma pouca auto-estima, pouca compreensão do seu papel social de mulher e isto vai gerando uma postura de submissão ao homem. A dependência econômica se configura apenas como um fragmento de algo mais amplo, contextual, ou seja, passa pelo fato dela não ter concluído o seu curso, por ela ter aceitado um sub-emprego, passa pelo fato de ter uma gravidez precoce, muitas vezes entra não estou dizendo na totalidade, mas entra no lugar da necessidade de ser querida, desejada e vista, a condição de ser mãe coloca a mulher numa questão de respeitabilidade na sociedade. A mulher não precisa de artifícios para se embelezar para o homem, se cuidar para o homem, engravidar para ser vista, para entrar na família. Ela precisa trabalhar sua auto-estima, se não tiver um eixo claro do que ela é, aí sim corre o risco de ter parceiro, filhos e entre outros fatores para a submeter-se a eles.

4 comentários:

Anónimo disse...

Priscila

A mulher é mais vulnerável em comparação ao homem, contudo não é indefesa porque nos dias atuais, mulheres se esforçam mais em aprender auto defesa e possui conhecimentos de se defender com ou sem a lei brasileira. A sociedade é machista, isto é fato, porém ambos os sexos têm que mudar está imagem. Em muitos setores de trabalho, industrial, comercial, social, educacional, e político, a mulher é muito mais auto suficiente e capaz de superar os obstáculos do que o homem. A mulher não ter concluído um curso superior, aceitar ou não um subemprego, estar grávida não é justificativa, pois elas têm a opção do livre arbítrio de ser ou não submissa. E o fato de lavar ou não as roupas de ambos os sexos ou de só um sexo não justifica, pois este é um problema educacional e não das atitudes que as pessoas têm de fazer seus trabalhos domésticos.
O grande problema é mudar a imagem da mulher em relação à visão cultural que as pessoas têm em mente e aprendem nas escolas, pois a própria historia comprova isto e descreve os fatos. Até mesmo no passado a mulher superou seus obstáculos, um exemplo foi à rainha Elizabete.

Beijocas
Sato

Anónimo disse...

sua entrevista ficou ótima, perguntas bem elaboradas, o txt ficou uma delícia..a situação apresentada é algo q está mudando..o esforço e luta constante das mulheres..cabe a nós realmente mudar..mas quanto as leis.." A principal lei, não é para ser escrita e sim vivenciada." é um absurdo está não prática..como quase todas as leis..vc vai acusar seu marido hj na delegacia da mulher..te dão um papel p/ q vc mesma entregue a seu marido..vai a própria mulher, entrega e piora a situação, continua sendo espancada..arg..é preciso mudar..

Anónimo disse...

Bom Sr.Priscila(rsrs), achei muito interessante a entrevista. Os temas sobre a mulher e a covardia que ela sofre é um tema complicado por que nos faz voltar a uma época complicada, entretanto é necessário mostrar que isso já passou e que o sexo feminino é hoje sinônimo de orgulho!!!
Viva a TPM!!rssr
bjsss

Dryckalu disse...

Piu vc gosta de escrever sobre temas polêmicos e isto é muito bom.Meu blog é www.dricalu.blogspot.com -NÃO TEM O br EU TE DEI ERRADO,SE NÃO CONSEGUIR ENTRE PELO DE LIU.
BEIJOS....