sábado, março 24, 2007

Cores




Por: Priscila Silva Foto: http://www.lg-itzehoe.de


Num vernissage, uma jovem não contente com os quadros que está vendo, puxa conversa com um senhor logo ao seu lado.
-Nossa, os quadros estão estranhos, tão coloridos! Está fazendo com que eu fique com dor de cabeça, a grama ao invés de ser verde, é um “verde-cana”, o sol é amarelo fortíssimo, casas cor de rosa-choque, isso não é uma exposição e sim uma poluição visual!
-Jovem, desculpe-me, mas não concordo com você. No meu ver, o artista quis colocar nos seus quadros a importância que cada coisa tem em nossas vidas, e o que faz ser importante é o excesso de cor, para mostrar que estão presentes.
-Nossa, que bonito isso, que você disse, fiquei agora constrangida com tamanha gafe cometida! Obrigada pela lição.Vou indo, tenha uma boa tarde.
-Cores...Quem me dera poder vê-las novamente...
*Para os curiosos o senhor cego estava acompanhado dos seus familiares, foi á vernissage para não ficar só em casa.

quinta-feira, março 01, 2007

Violência contra a mulher.




A mudança da postura feminina é necessária para combater a violência e a submissão. As mulheres têm que reverter o quadro de vulneráveis e dependentes dos seus parceiros, relata a especialista em Saúde Pública, Virginia Falcão de Seixas. As professoras da Universidade Católica de Salvador (UCSAL), Isabel Maria Oliveira, pesquisadora de Direitos humanos e Direitos à saúde e família, e Virginia Falcão de Seixas, especializada em Saúde Pública. Com o tema: “Violência à mulher: uma questão de gênero?”, falaram sobre as conseqüências e leis para o combate. “A principal lei, não é para ser escrita e sim vivenciada”, afirma a professora Isabel Maria. Também é um problema no setor da saúde: “O setor de saúde viu sempre a violência como algo da polícia e justiça. Não conseguiram fazer essa ponte saúde/violência”, afirma a professora Virginia Falcão.
Priscila Silva
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P.S - A Sociedade é machista. Como as mulheres podem mudar isto?
V.F: Uma das ferramentas para as mulheres mudarem, é começar pela mudança interna. Discordar dessa idéia da sociedade ser androcêntrica (poder masculino) e lutar para que a sociedade seja igualitária, a segunda coisa é a questão da educação, como nós vamos transformar essa sociedade, tudo isso começa pela família. Um exemplo bem claro, é quando a mãe lava as peças íntimas do filho e manda a filha lavar a dela.

P.S - Porque a mulher possui uma imagem de vulnerável?
V.F: Isso é algo cultural, na verdade, isso é um cenário mundial. O movimento feminista inaugurou-se na Inglaterra, França e outros paises europeus então vamos ter que pensar numa dimensão maior do que a do Brasil, o combate a violência tem que haver uma construção histórica.

P.S - A violência também é uma questão de saúde?
V.F: O setor de saúde viu sempre a violência como algo da polícia e justiça. Não conseguiram fazer essa ponte saúde/violência. Atualmente, a violência entra na saúde como um problema ortopédico, queimadura e entre outras lesões que com certeza podem ter sido resultantes de uma agressão. É necessário perguntar, investigar e encarar que a violência acaba indo para o setor de saúde. A saúde é o único setor que penetra no intimo da pessoa conseqüentemente é a única que pode solucionar isso.

P.C - Além da Lei Maria da Penha, é necessário a criação de outras leis para a proteção da mulher?
I.M: A principal lei, não é para ser escrita e sim vivenciada. A mulher tem que se reconhecer como pessoa com direitos e subjetivos a vida. Isso não precisa estar na lei, embora já esteve, desde a declaração do homem no ano de 1948 até hoje com a Lei Maria da Penha (que combate a violência doméstica a mulher). Eu acho que neste momento já temos um aparato normativo legislativo avançado, com esse conjunto legislativo as mulheres vão gradativamente assumir o papel, não é mais o exercício de legislar e sim de implantar.

P.C - A mulher torna-se muitas vezes submissa ao seu parceiro, pelo fato de depender financeiramente dele. O que seria necessário para a mulher ser independente?
I.M: Eu entendo que a mulher não é submissa ao parceiro intimo porque ele é o pai dos seus filhos, a submissão da mulher quando ocorre ela advém de algo muito anterior a parceria e a necessidade de sobrevivência. Essa submissão percorre entendo eu, de uma pouca auto-estima, pouca compreensão do seu papel social de mulher e isto vai gerando uma postura de submissão ao homem. A dependência econômica se configura apenas como um fragmento de algo mais amplo, contextual, ou seja, passa pelo fato dela não ter concluído o seu curso, por ela ter aceitado um sub-emprego, passa pelo fato de ter uma gravidez precoce, muitas vezes entra não estou dizendo na totalidade, mas entra no lugar da necessidade de ser querida, desejada e vista, a condição de ser mãe coloca a mulher numa questão de respeitabilidade na sociedade. A mulher não precisa de artifícios para se embelezar para o homem, se cuidar para o homem, engravidar para ser vista, para entrar na família. Ela precisa trabalhar sua auto-estima, se não tiver um eixo claro do que ela é, aí sim corre o risco de ter parceiro, filhos e entre outros fatores para a submeter-se a eles.